Costuma-se dizer: “Quem vai à guerra, dá e leva”.
Uma maneira que posso entender o novo álbum de Madonna é “Quem vai à guerra, leva armas”.
Madonna pega nas armas (junta a roupa e o chapéu de cowboy dos tempos do ensaio fotográfico do álbum “Music”) e dispara para todo o lado!
A primeira vez que ouvi o álbum foi quinta-feira à noite, com o som mais baixo e logo a seguir a uma retrospetiva da música dela que tinha em mp3.
Asneira! Este álbum é para ouvir quase todo com volume alto e ter bem presente que neste álbum em que interessa é o conceito que se quer transmitir: “religião vs pecado; “contenção vs libertação”, “serenidade vs violência”, ou seja:
- “Rapariga que se torna má/selvagem e não se importar,
- Ser criada numa religião com dogmas onde muitos a chamam de pecadora.
- É a libertação de instintos: a violência, a referência a armas e à palavra “bitch", especialmente em Gang Bang e Beautiful Killer, a fazerem alusão a Beautiful Stranger e Kill Bill.
Tudo suavizado no final com duas baladas (versão standard).
Pareceu-me que ela achou que devia seguir o instinto e juntar a mensagem geral com o que comercialmente lhe parecia mais apelativo para o público, fazendo com o fluir do álbum fosse como pretendia.
Acho que de certa forma este é um álbum datado. É uma afirmação forte que quer fazer aos 50 de que está atenta e que pode fazer música que toda a gente ouve nas rádios e discotecas e mesmo assim dizer o que quer e como quer.
Apesar da péssima opinião que tinha no início, a opinião foi melhorando quando comecei a ouvir com mais atenção.
Considero que este é um álbum mais bem conseguido do que foi Hard Candy, que me pareceu nunca conseguiu transmitir tudo o que pretendia, parece-me uma experimentação inacabada. Acho que MDNA é mais homogéneo e consistente e com melhor ligação entre as músicas. Mas sobretudo parece-me mais honesto e mais visionário:
- Junta os conceitos quase exclusivamente dançantes do primeiro álbum de Madonna e de Confessions on a Dance Floor;
- Continua o percurso eletrónico começado com Erotica e Ray Of Light;
- Vai buscar a pop de rádio (muita dela de “pastilha elástica”) dos anos 2000;
- Continua a incursão pelo Rap/Hip-hop começada com American Life e aprofundada em Hard Candy;
O tratamento acústico que fizeram de Music e American Life algo de único é que parecem ter sido esquecidos, a não ser que os recupere nos concertos.
Acho que MDNA representa a libertação de Madonna em relação ao passado, às repressões de livre expressão, do casamento. É fazer (quase) tudo o que lhe apetece, mesmo que politicamente incorreto, nem que seja falar de armas, dizer “bitch” inúmeras vezes ou imaginar disparar.
Uma vez Tina Turner falou de algo que se adequa a isto: “Sei que não faço música extraordinariamente boa mas faço música que faz-nos sentir bem”.
Alguns “DEJA VUS” do álbum:
- SUPERSTAR – batida muito semelhante a “Holla Back Girl” de Gwen Stefani.
- I’M A SINNER – Mistura de sons de “Mercy” de Duffy com “Beautiful Stranger”. Pareceu-me ouvir nesta ou noutra canção do álbum uns sons imitando “Gimme, Gimme, Gimme/Hung Up”.
- I’M ADDICTED – Faz-me lembrar de sons do álbum de 2007 da ROBYN (talvez “konichiwa_bitches”) que… fez a 1.ª parte da tournée de “Sticky & Sweet”.
Mas dá-me impressão que fez de propósito, pois a libertação que queria transmitir não era compatível com restrições. Em vez de querer distinguir-se, aceitou tudo sem problemas, desde que servissem a sua visão e instinto. E se for assim, isso não é abrir mão de tudo e fazer um álbum à pressa para apoiar a tornée, como alguns escreviam. Se bem que diga-se, existem várias coisas que podiam ter sido melhoradas.
O MAIS FRACO DO ÁLBUM – final de Gang Bang, coro no final de I don’t give a…., Turn up the radio e Superstar.
O MAIS FORTE DO ÁLBUM - Girl Gone Bad, I’m Addicted e Fallin’ Free. Acho que um dos trunfos do álbum é o som por vezes hipnótico de algumas canções. Em relação à versão deluxe gostei mais de Beautiful Killer.
Claro que isto é o que eu acho…
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